23 de abril de 2009

Entrevista Zander

ZANDER

"Caminhando em constante (des)construção."
Confira uma entrevista feita com Leo, baterista dessa banda carioca que nasceu intensa e afiada.

1 - A quanto tempo o Zander estava engatilhado? Digo, antes de mostrarem a cara, já haviam planos de formar a banda?

Léo - Bil, Sanfona e Phil começaram a registrar algumas musicas a pouco mais de um ano. Logo depois eu cheguei de Salvador e comecei a tocar com eles. De lá pra cá, a gente sempre se encontrava pra tocar, seja uma vez por semana, algumas vezes mais. Phil por morar em São Paulo que vinha de vez enquando. Quando começamos a pensar na banda ao vivo foi natural a entrada do Guta, pela afinidade musical e amizade, e pronto. Ta formada a banda.


2 - E como é o lance dos ensaios/composições/gravações com o Phil morando em São Paulo?

Léo - Phil tem sua agenda de trampo no estúdio e de banda com o Dead Fish e isso todo mundo já sabia que ia ser complicado conciliar. Então volta e meia surge uma oportunidade dele estar aqui e aproveitamos da melhor maneira possível. É só a gente se encontrar que naturalmente já estamos tocando e gravando. A banda continua ensaiando e gravando sem ele, e rola uma troca de arquivos pela internet também.













3 - E por falar em gravações,
o EP "Em Construção" foi lançado e já tem trampo novo vindo. Vocês planejaram dessa forma ou é algo que está acontecendo naturalmente?

Léo - Lançamos seis musicas no Em Construção e ja tinhamos mais musicas pra lançar outro. Em vez de começar a fazer shows com apenas seis musicas no mundo, resolvemos gravar mais seis, lançar em Fevereiro e sair tocando os dois EPs em Março. Mas isso tudo aconteceu naturalmente, não foi algo planejado desdo começo.


4 - Legal! A gente já sabe o que não foi planejado, agora falta saber o contrário, o que está nos planos da banda?

Léo - O plano agora é mandar o novo EP pra fabrica em Janeiro, ensaiar bastante em Fevereiro e tocar em São Paulo, Sul e Minas em Março. Fazer shows no Rio e no Nordeste em Abril, e provavelmente lá já vamos ter muito mais material pra trabalhar em cima. Tem muitos amigos ajudando a gente também, e nesse meio tempo deve sair alguns clipes, filmagens e registros.












5 - A galera acompanha comprando camisetas, cds, dando apoio. Os frutos da qualidade e da sinceridade da banda já aparecem, de várias formas. O que vocês sentem com isso?

Léo - Eu me sinto muito feliz com o apoio. Seja alguem comprando algo, indo pros shows que vão rolar, procurando a gente na internet ou mandando uma mensagem. Acho que uma banda precisa de um publico, e precisa dessa troca de informação pra dar continuidade ao ciclo.

Infelizmente acho que as bandas em geral não tem tanto desse apoio quanto precisavam. Não saberia dizer exatamente o porque disso, mas esse apoio é muito importante e deve ser cultivado sempre quando alguem gosta da musica de outra pessoa, seja por qualquer sentimento que essa musica traz.

Imagino que os outros caras da Zander pensem mais ou menos parecido.


6 - Em vários textos e comentários do público sobre o Zander, notamos que existem muitas comparações e muito falatório sobre o Noção de Nada e o Deluxe Trio. Qual é a opinião de vocês sobre essa ligação que a galera faz entre as três bandas?

Léo - Acho normal as pessoas fazerem essa ligação. Noção de Nada, Deluxe Trio, Reffer, Discoteque, Nipshot e mais outras, foram bandas boas, que fizeram sua parte, e que integrantes da Zander ja participaram. A banda é um conjunto. Mas cada um tem sua personalidade e sua própria história, e isso é muito bonito. Eu quando gosto de uma banda sempre tento situar a banda, saber da cena que veio, de onde seus integrantes vieram. É uma forma de conhecer bandas e de saber mais sobre as cenas e movimentos culturais.

Porém cada banda é cada banda. Não vou ao show do Frank Black querendo escutar Pixies. Irei certamente me decepcionar. Mas se ele lançar um Pixies no meio não vou ficar triste.

7 - Se você fizesse um TOP 5 dos melhores discos que já ouviu, como seria essa lista?

Vinicius e Baden - Os Afro Sambas
The Pixies - Tromp Le Monde
Jawbreaker - Dear You
Mutantes - Mutantes e Seus Cometas no País de Baurets
Gilberto Gil - Expresso 2222


8 – Há algum tempo, o cenário independente vem passando por uma verdadeira zona. De um lado, alguns sinais de melhoras aparecem, de outro, a coisa piora cada vez mais. Até onde vocês se envolvem ou se preocupam com isso?

Léo - Eu sempre gostei desse tema e tento me envolver como posso. Quando falo "cena independente" me refiro aquele espírito de cena independente, e não apenas bandas que não tem uma gravadora grande. Isso pra mim é o mais importante, esse espírito. No meu caso, sempre fui fascinado por bandas e shows, centros culturais, e jornais "independentes", e como isso tudo funciona. Rola aquele lance romântico de satisfação em conseguir construir algo que acrescente, e viver disso, ao invés de construir algo com a única finalidade de crescer e conseguir mais e mais. E é aí que muitas bandas se perdem. Acabam esquecendo que o cenário independente é pra ser auto-suficiente e não um degrau pra se chegar "la" e "dar certo" como banda. As bandas do cenário independente não querem um contrato com uma gravadora grande e não querem participar de programas e eventos que promovam essa mentalidade mainstream. Porém, hoje em dia, acredito ter bandas e artistas que consigam passear pelo cenário "grande" e mesmo assim acrescentar. Exemplo: Tom Zé.

Ser do cenário independente não é fácil. Mas como falei, tento me envolver como posso. Seja trocando figurinhas com outra banda, me informando, divulgando o trabalho bacana de um amigo, ajudando outro num show, tendo minha banda, trabalhando num estúdio onde 100% das bandas são "independentes" e fazendo o melhor que posso. Acho tudo isso válido e se cada um se preocupar em fazer o seu direito, já é uma grande contribuição.

Eu acredito que aos poucos tudo esta melhorando.

9 - Isso é muito importante! Saber sobre as coisas ruins e boas ao nosso redor, mas dar o devido valor à metade cheia do copo. Sob a sua ótica, cite algumas coisas que você acredita que estão melhorando, ou irão melhorar.

Léo - A facilidade de se comunicar melhorou muito. Lembro de ver meu irmão mais velho, o Vinicius, recebendo zines por carta, e não tem coisa mais mágica que abrir a caixa de correio e ver envelopes e cartas com seu nome. (Não me refiro as contas hein!) Mas hoje eu posso entrar em contato com 15 pessoas em menos de uma hora se precisar resolver alguma coisa, e não gastar com telefone ou correio. Posso disponibilizar minha arte pra quem quiser ouvir, ou ver, de graça, na internet. Hoje temos acesso a equipamentos melhores. Descubro tudo que quero no Google, sobre algo que não sabia nem o significado em questão de minutos. Se vou ler ou não ja é uma outra historia. Essa estrutura toda, de comunicação, produção, equipamentos, locomoção, pessoas mais qualificadas, tudo isso melhorou.

Acho que falta as pessoas se aprofundarem mais no conteúdo. Estudar mais. Usar essa estrutura toda pra aprender, ser curioso, deixar alguma coisa te encantar ou amaldiçoar. Isso tambem faz parte do processo. Tem que Do It Yourself sim. Mas tambem não precisa ter pressa pra fazer qualquer coisa só pra estar la. O que irá melhorar sempre, é essa estrutura. Se as pessoas vão acompanhar, aí eu ja não sei. Cada um tem que fazer sua parte. Como diz meu amigo Lelê Gins: tem que acreditar.


10 - Pensando nessa linha, as pessoas não se aprofundam nos conteúdos por que não sentem mais o interesse que deveriam sentir, ou os conteúdos que estão em maior parte espalhados por aí é que não oferecem profundidade o bastante?

Léo - Eu acho que falta interesse em se aprofundar, muito mais por medo de arriscar do que qualquer outra coisa. Pra quem é novo, o mundo apresenta um milhão de possibilidades e o medo de perder tempo, de não conseguir se sustentar, não arrumar um trampo, isso tudo confunde a cabeça e o cara acaba não tendo o prazer que devia se aprofundando. E pra quem ja ta mais velho, a responsabilidade chama e a vida não perdoa os vacilos. É dificil mesmo. Acho que o lance é aproveitar os momentos e se dedicar. É aos pouquinhos que a gente vive, e aos poucos que a gente melhora e tem algo novo pra mostar.


11 - Se o Zander tivesse que ser caracterizado em algum estilo musical, qual seria? Rock? Hardcore?

Léo - A Zander é rock n roll, é yeahh! e vamo nessa!



12 - Cara, considerações finais para os leitores. Pode dar seu recado!

Léo - Valeu Fernando pelo espaço e pela força, acho importantíssimo poder falar sobre o trampo! Valeu a todo mundo que acompanha a ZANDER e o nosso estudio, o SUPERFUZZ! Podem entrar em contato com a gente pelo zanderblues@gmail.com ou pelo estudiosuperfuzz@gmail.com, fiquem a vontade. Essa entrevista foi feita ao longo de uns meses, então alguns planos que falei mais acima de show e lançamento do EP novo mudaram. Mas tem muita coisa nova por vir e cês podem acompanhar a gente no www.fotolog.com/zanderblues ou no www.fotolog.com/estudiosuperfuzz. Então acompanha legal aí e vamo nessa!

Fotos:
www.fotolog.com/zanderblues
http://www.flickr.com/photos/disturbios/



Um comentário:

Gustavo Pelogia disse...

nao gostei da relação dos top 5 discos, pois quase eles não tem relação com os sons que ele toca.

gostei da entrevista, mas não respondeu uma coisa que nenhuma das entrevistas que fizeram com eles respondeu: Bil e Leo são sócios do Superfuzz? (curiosidade, só).


parabéns pelo trampo! ;)