Depois de quatro anos de espera (que valeram muito), o Propagandhi vem cheio de energia no seu quinto álbum de estúdio. Pouco, se posto lado a lado aos mais de 20 anos de banda.
Supporting Caste, lançado dia 10 de março (e já tendo grandes chances de se tornar o melhor do ano), está sendo distribuído no Canadá pelo selo G7 Welcoming Comitee (fundado por Chris Hannah, guitarrista da banda, e dois amigos, Derek Hogue e Brent Corey), nos EUA (pela primeira vez em sua carreira não pela Fat Wreck Chords) pela também canadense Smallman Records (que foi responsável por lançar ao mundo bandas como Moneen, Comeback Kid e Small Brown Bike), e na Europa pela Hassle Records (que também distribui por lá Anti-Flag, Alexisonfire e Four Year Strong).
Como em seu antecessor, Potemkin City Limits, quem assina a produção do disco é Bill Stevenson, que é baterista, engenheiro, produtor e proprietário/fundador (junto com Jason Livermore) do estúdio The Blasting Room em Fort Collins, Colorado. Bill foi um dos membros fundadores do Descendents e já gravou/produziu bandas do calibre de Black Flag, ALL, Lagwagon, NOFX, A Wilhelm Scream, Rise Against, Comeback Kid e inúmeros outros.
A arte do disco merece ser relevada. Depois da pintura do poeta americano Lawrence Ferlinghetti em Today’s Empires Tomorrow’s Ashes e do desenho do artista anarquista Eric Drooker em Potemkin City Limits, quem dá a cara desse álbum é a obra "The Triumph of Mischief" do artista Kent Monkman que tem como forte influência em seu estilo sua descendência aborígene e o impacto que o cristianismo causou nos povos indígenas. O encarte é recheado de informações sobre o disco, notas de seus integrantes e links interessantes para compreender melhor o sentido das letras.
Mais tarde a banda disponibilizou para download duas novas músicas, em troca de uma doação de no mínimo 1 dólar para uma das três instituições que eles escolheram: Sea Shepherd Conservation Society, Partners in Health e peta2. São elas a faixa título do álbum e Human(e) Meat (the Flensing of Sandor Katz).
A primeira é um hardcore poderosíssimo com uma introdução sinistra, cheia de tempos quebrados, convenções e breques de tirar o fôlego. Na pausa, uma guitarra bandoleira relembra um filme de velho oeste na fronteira com o México.
A segunda começa com o que nos leva a crer ser, hipoteticamente, a retirada do óleo de baleia de dentro do corpo de Sandor Katz (um famoso culinário que escreveu em um de seus livros sobre os post-vegetarians, ou a teoria de que todos os vegetarianos voltam a comer carne um dia). A letra que fala ironicamente sobre os direitos dos animais através da descrição minunciosa do pseudo-assasinato do chef, é acompanhada por um hardcore pra cima, com duas mudanças climáticas que já se tornaram marcas registradas de inúmeros sons da banda. No fim, um duelo de solos de guitarra fecha com chave de ouro o que viria a ser a sexta música do álbum.
A sétima faixa, que leva o nome do álbum antecessor, Potemkin City Limits, também fala de certa forma sobre os direitos dos animais e o braço vegan da banda. Conta a história real de Francis, um porco que fugiu de um abatedouro local e ficou “foragido” por 5 meses, até ser capturado e ganhar uma estátua em sua homenagem na cidade de Red Deer em Alberta, Canadá.
Esse é o primeiro álbum da banda que conta com a participação de David “the Beaver” Guillas no processo de composição e gravação das músicas. O guitarrista fez parte de duas bandas de Winnipeg, Manitoba: Giant Sons (a qual Chris já disse ser influenciado por) e Rough Music. Inclusive, a terceira faixa do álbum, Tertium Non Datur, que pode ser traduzida do latim em algo como “não há terceira opção”, é um cover/versão de uma música dos Giant Sons, originalmente instrumental e chamada de Repairing the Damaged Beard.
A faixa que abre o disco é a Night Letters. Talvez a música mais elaborado do álbum, nota-se uma influência clara de Metallica nos riffs e na pegada da bateria (que eu já havia percebido em outros sons ao decorrer da estrada da banda), mas também possui um arranjo extremamente diferente, com várias convenções, tempos quebrados, alguns grooves de grindcore e inúmeras outras influências, mostrando o quão rico é o som do Propagandhi. A letra, cantada pelo baixista Todd Kowalski, explora novamente o assunto de refugiados de guerra, como já aconteceu em algumas faixas do disco anterior. No final do encarte, há uma nota dele sobre como trabalhar como voluntário com refugiados mudou sua vida pra melhor.
As outras duas músicas cantadas por Todd (uma proporção muito menor se comparado as dois últimos discos) são This is Your Life e Incalcuable Effects. Hardcore rápido, berrado e tenso, tanto musicalmente quanto liricamente como já era de se esperar. São as duas faixas que mais lembram o disco Today’s Empire, Tomorrow’s Ashes, que, pra quem não sabe, e o álbum que marca a entrada de Rod na banda, depois de ter participado dos projetos canadenses I Spy e Swallowing Shit.
A penúltima faixa, The Banger’s Embrace, é uma homenagem para a banda Sacrifice, trash-metal canadense dos anos 80, que parece ter renascido das cinzas de acordo com uma nota no site do Propagandhi e com a letra dessa música. O som é a trilha sonora pra tomar cerveja num bar de motoqueiros. E a letra não é muito diferente. Retrata quão bom é o sentimento de nostalgia, ao ver bandas antigas tocando e pulando ao som de canções que embalaram inúmeros momentos.
The Funeral Procession, Without Love e a última faixa Last Will and Testament (essa com uma introdução insana de quase 4 minutos), pra mim, são as faixas que dão o tom do disco e o diferencia dos demais. Sons rápidos, enérgicos, melódicos e com muitos tempos quebrados. Letras introspectivas, e apesar de tratarem temas cruéis, acendem o pavio da esperança de uma nova era.
Uma bonus track estranhíssima fecha o disco. Um cover da banda de rock progressivo inglesa dos anos 70 Black Widow, da música Come to the Sabbat. No mínimo, peculiar.
Por fim, o Propagandhi fez, novamente, o já esperado: uma obra-prima do hardcore.
A nós, resta aproveitar esse disco e torcer pra que o próximo não demore mais 4 anos!
Supporting Caste, lançado dia 10 de março (e já tendo grandes chances de se tornar o melhor do ano), está sendo distribuído no Canadá pelo selo G7 Welcoming Comitee (fundado por Chris Hannah, guitarrista da banda, e dois amigos, Derek Hogue e Brent Corey), nos EUA (pela primeira vez em sua carreira não pela Fat Wreck Chords) pela também canadense Smallman Records (que foi responsável por lançar ao mundo bandas como Moneen, Comeback Kid e Small Brown Bike), e na Europa pela Hassle Records (que também distribui por lá Anti-Flag, Alexisonfire e Four Year Strong).
Como em seu antecessor, Potemkin City Limits, quem assina a produção do disco é Bill Stevenson, que é baterista, engenheiro, produtor e proprietário/fundador (junto com Jason Livermore) do estúdio The Blasting Room em Fort Collins, Colorado. Bill foi um dos membros fundadores do Descendents e já gravou/produziu bandas do calibre de Black Flag, ALL, Lagwagon, NOFX, A Wilhelm Scream, Rise Against, Comeback Kid e inúmeros outros.
A arte do disco merece ser relevada. Depois da pintura do poeta americano Lawrence Ferlinghetti em Today’s Empires Tomorrow’s Ashes e do desenho do artista anarquista Eric Drooker em Potemkin City Limits, quem dá a cara desse álbum é a obra "The Triumph of Mischief" do artista Kent Monkman que tem como forte influência em seu estilo sua descendência aborígene e o impacto que o cristianismo causou nos povos indígenas. O encarte é recheado de informações sobre o disco, notas de seus integrantes e links interessantes para compreender melhor o sentido das letras.
(Kent Monkman)
Sem mais delongas vamos ao que interessa. Som.
Antes do disco sair, três músicas vazaram na internet. Dear Coach’s Corner foi jogada no You Tube com o áudio ripado de um programa de rádio. A música é um tapa na cara de Don Cherry, um famoso comentarista de hockey canadense que em 2003, no programa de televisão com o mesmo nome da música, disse ao vivo que o povo canadense deveria apoiar as tropas e os ataques americanos ao Iraque.
Antes do disco sair, três músicas vazaram na internet. Dear Coach’s Corner foi jogada no You Tube com o áudio ripado de um programa de rádio. A música é um tapa na cara de Don Cherry, um famoso comentarista de hockey canadense que em 2003, no programa de televisão com o mesmo nome da música, disse ao vivo que o povo canadense deveria apoiar as tropas e os ataques americanos ao Iraque.
Mais tarde a banda disponibilizou para download duas novas músicas, em troca de uma doação de no mínimo 1 dólar para uma das três instituições que eles escolheram: Sea Shepherd Conservation Society, Partners in Health e peta2. São elas a faixa título do álbum e Human(e) Meat (the Flensing of Sandor Katz).
A primeira é um hardcore poderosíssimo com uma introdução sinistra, cheia de tempos quebrados, convenções e breques de tirar o fôlego. Na pausa, uma guitarra bandoleira relembra um filme de velho oeste na fronteira com o México.
A segunda começa com o que nos leva a crer ser, hipoteticamente, a retirada do óleo de baleia de dentro do corpo de Sandor Katz (um famoso culinário que escreveu em um de seus livros sobre os post-vegetarians, ou a teoria de que todos os vegetarianos voltam a comer carne um dia). A letra que fala ironicamente sobre os direitos dos animais através da descrição minunciosa do pseudo-assasinato do chef, é acompanhada por um hardcore pra cima, com duas mudanças climáticas que já se tornaram marcas registradas de inúmeros sons da banda. No fim, um duelo de solos de guitarra fecha com chave de ouro o que viria a ser a sexta música do álbum.
A sétima faixa, que leva o nome do álbum antecessor, Potemkin City Limits, também fala de certa forma sobre os direitos dos animais e o braço vegan da banda. Conta a história real de Francis, um porco que fugiu de um abatedouro local e ficou “foragido” por 5 meses, até ser capturado e ganhar uma estátua em sua homenagem na cidade de Red Deer em Alberta, Canadá.
Esse é o primeiro álbum da banda que conta com a participação de David “the Beaver” Guillas no processo de composição e gravação das músicas. O guitarrista fez parte de duas bandas de Winnipeg, Manitoba: Giant Sons (a qual Chris já disse ser influenciado por) e Rough Music. Inclusive, a terceira faixa do álbum, Tertium Non Datur, que pode ser traduzida do latim em algo como “não há terceira opção”, é um cover/versão de uma música dos Giant Sons, originalmente instrumental e chamada de Repairing the Damaged Beard.
A faixa que abre o disco é a Night Letters. Talvez a música mais elaborado do álbum, nota-se uma influência clara de Metallica nos riffs e na pegada da bateria (que eu já havia percebido em outros sons ao decorrer da estrada da banda), mas também possui um arranjo extremamente diferente, com várias convenções, tempos quebrados, alguns grooves de grindcore e inúmeras outras influências, mostrando o quão rico é o som do Propagandhi. A letra, cantada pelo baixista Todd Kowalski, explora novamente o assunto de refugiados de guerra, como já aconteceu em algumas faixas do disco anterior. No final do encarte, há uma nota dele sobre como trabalhar como voluntário com refugiados mudou sua vida pra melhor.
As outras duas músicas cantadas por Todd (uma proporção muito menor se comparado as dois últimos discos) são This is Your Life e Incalcuable Effects. Hardcore rápido, berrado e tenso, tanto musicalmente quanto liricamente como já era de se esperar. São as duas faixas que mais lembram o disco Today’s Empire, Tomorrow’s Ashes, que, pra quem não sabe, e o álbum que marca a entrada de Rod na banda, depois de ter participado dos projetos canadenses I Spy e Swallowing Shit.
A penúltima faixa, The Banger’s Embrace, é uma homenagem para a banda Sacrifice, trash-metal canadense dos anos 80, que parece ter renascido das cinzas de acordo com uma nota no site do Propagandhi e com a letra dessa música. O som é a trilha sonora pra tomar cerveja num bar de motoqueiros. E a letra não é muito diferente. Retrata quão bom é o sentimento de nostalgia, ao ver bandas antigas tocando e pulando ao som de canções que embalaram inúmeros momentos.
The Funeral Procession, Without Love e a última faixa Last Will and Testament (essa com uma introdução insana de quase 4 minutos), pra mim, são as faixas que dão o tom do disco e o diferencia dos demais. Sons rápidos, enérgicos, melódicos e com muitos tempos quebrados. Letras introspectivas, e apesar de tratarem temas cruéis, acendem o pavio da esperança de uma nova era.
Uma bonus track estranhíssima fecha o disco. Um cover da banda de rock progressivo inglesa dos anos 70 Black Widow, da música Come to the Sabbat. No mínimo, peculiar.
Por fim, o Propagandhi fez, novamente, o já esperado: uma obra-prima do hardcore.
A nós, resta aproveitar esse disco e torcer pra que o próximo não demore mais 4 anos!
Um comentário:
Dé representouuu hein!!! nota 10!!
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